sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Entre lençóis





Envoltos pela névoa de linho
os amantes se olham
indescobertos...

Envoltos por sins e temores
os amantes se tocam
cautelosamente...

Envoltos por olhos ardentes...
os amantes se desejam
misteriosamente...

Envoltos... no quarto fechado
há um não sobrar de
espaço para dois

As palavras sussurram delicadamente
prazeres inconfessáveis e não ditos
Mãos espalmadas em busca de espaço
desafiando as leis da física...
Pernas, ora trançadas ora retesadas...
querendo quebrar todos os limites
Bocas em beijos, em cada milímetro...
engolindo toda a possível resistência

Entre lençóis,
os amantes se esquecem
eternamente do tempo ...

Para quê tempo?
se, entre lençóis, eles
vivem tão intensamente?...

E... bem cá entre nós
- Para quê mais os lençóis?...


Djalma Filho

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.


Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

AMOR SEM PUDOR




AMOR SEM PUDOR

Tua boca sussurra palavras desconexas
Tuas mãos afoitas correm meu corpo
descobrindo todos os meus caminhos...
Enlaça-me no seu nó
Aperta-me sem dó
Arranca de meus lábios
gemidos de prazer...
Teu beijo desfalece meus sentidos
mergulho no teu corpo...
razão em desatino...
Paixão à flor-da-pele
Mordo teu pescoço
Enterro minhas unhas nas tuas costas
E cada vez quero mais você...
Não consigo deter este desejo
que avassala, entorpece,endoidece
Me possuis por inteira
Todos os poros, esquinas e vales...
Te sugo os sentidos
Até ficar desfalecido...
Recomeças nossa dança
Cavalgada, beijos
Suor
Fluídos...
Nossos corpos em mel embebidos
Confusão de pernas, braços e línguas
Paixão, tesão, explosão
Amor feito sem pudor
Orgasmo...
nosso êxtase avassalador...

Kira, Penha Gonçales



sábado, 2 de janeiro de 2010

CONTIGO APRENDI



Contigo aprendi
Que existem novas e melhores emoções
Contigo aprendi
A conhecer um mundo novo de ilusões

Aprendi
Que a semana já tem mais de sete dias
Fazer maiores minhas poucas alegrias
E ser feliz eu contigo aprendi

Contigo aprendi
Que existe luz na noite mais escura
Contigo aprendi
Que em tudo existe um pouco de ternura

Aprendi
Que pode um beijo ser mais doce e mais profundo
Que posso ir amanhã mesmo desse mundo
As coisas boas eu contigo já vivi

E contigo aprendi
Que eu nasci no dia em que te conheci